Ao retomar o prefácio, preciso que quem me lê permita o pacto de pensamento positivo verdadeiro. Pois é agora que entro na etapa Caby-psicólogo e, provavelmente, além de suas próprias histórias com ele, amigos e amigas, as próximas linhas são o que ele gostaria que vocês soubessem, seguissem e fossem.
Psicólogo, sim. Ele disse algumas vezes que se tivesse feito faculdade, gostaria de ter feito psicologia. E jornalismo, rádio, publicidade? “Não, filha, psicologia. Acho que eu seria um ótimo psicólogo”. E o caminho psicológico que ele traçou até à vida adulta linda e torta, resumir eu não consigo. Só garanto, garanto mesmo, que uma de suas mais estupidamente lindas qualidades era ser a imagem da evolução, da busca e entrega às pessoas.
Marrento e teimoso, o nosso camaradinha passou os últimos anos se ocupando em deixar seus defeitos cada vez mais suaves e esquecidos. Só procurar o ser, fazer o bem e, assim, foi o bem materializado. A sua sonhada psicologia veio nesse processo de vontade absurda de ver as pessoas felizes. Tá, tá, tá. Todos queremos o bem geral, mas, veja, era um querer diferente aquele dele. Querer visceral pela felicidade de todos e bem geral da nação Mossoró. Só faltou “dizer ao povo que fico”, em carne e osso, porque suas ideias e legado, sim, ficarão para sempre. Tão certa quanto a saudade caninguenta que aqui está.
Meu painho comemorava emprego novo do primo do vizinho da amiga, aquela prima que conseguiu engravidar após doença grave, a filha do conhecido que passou no vestibular, a colega que se recuperou de um câncer, o casal que se reconciliou ou aquele sofrido do bar cheio de dor de cotovelo que encontrou novo amor e voltou a sorrir. Quaisquer dessas histórias o faziam mais feliz. De verdade. Falo com a propriedade de quem recebia uma sequência de ligações durante suas comemorações por aí, muitas regadas a Campari, música, e conversas infinitas.
Não sei se foram os tamancos que lhe deram tamanha sabedoria. Mas a forma simples e pouco convencional como via a vida, no mínimo, relaxam qualquer um. Para ele, sentir a felicidade das pessoas que gosta era algo fascinante e motivo de sobra para discursar sobre quão verdadeiramente e brilhantemente e fantasticamente linda é a vida que o “barbudo lá de cima” nos deu.
Recentemente, estava se achando psicólogo clínico de casais. “Filhinha, painho conversou muito com tal e tal e acho que vão voltar o relacionamento. Estou trabalhando pra isso”. Para minha surpresa, sua missão de conselheiro tinha encontrado novo gás. Seu amigo e também realizador dos livros Azougue.com e anteriores, Argolante Lopes, me disse que painho contou que em outra vida tinha sido curandeiro e que estava nesta vida só pra ajudar as pessoas. Então, se ele já tentava fazer isso antes, ultimamente estava certo que tinha que procurar todo mundo que precisasse daquela força e dar um jeito. Eu consigo ouvir e imaginar cada palavra dita a Lopes, numa mistura de inocência e desprendimento que só, somente só, Caby da Costa Lima.
Ele me dizia e me mostrava como a coisa mais importante que a gente poderia fazer era ser parte da vida pessoas. Lutar por elas, estar por elas, comemorar com elas, como se fossemos mesmo um só. Precisamos continuar fazendo isso. Se vejam, me liguem, eu ligarei para vocês nos momentos em que acho que ele ligaria. Se reúnam e reúnam outras. Como se ele estivesse aqui puxando um por um e uma por uma.