Essa ideia de compartilhar, se envolver e conviver certamente é o conselho mais importante do nosso psicólogo Caby, mas há outros, de relevância quase igual como, por exemplo, comer feijão para curar dor de amor. Esse veio no ano de 2006, quando acabei meu primeiro namoro. Ao me ver chorar sem parar e tentar todas as formas de acabar com aquilo, tentou me perguntar exatamente o que doía. “É dor física, painho, parece que estão apertando meu coração”. Ele não sabia nem pronunciar as palavras ao imaginar que eu estava, mesmo que em uma possibilidade muito distante, tendo algo parecido com um infarto. Saiu de casa decidido e voltou com uma quentinha cheia de feijão. “Alicinha, painho falou com tia Cândida e um amigo médico. Você está triste, meu amor, é normal, mas essa dor no peito, filhinha, pode ser falta de feijão. Painho comprou bastante feijão. Vamos fazer um esforço e comer agora”.

Não sei se a tal dor passou naquele instante, mas lembro que o choro evaporou, morri de rir e ele demorou alguns anos pra entender que a ideia do feijão parecia ligeiramente, só ligeiramente, absurda. Ao entender, esse conto virou eterna piada entre a gente, embora o conselho ele continuasse a dar. Se alguma amiga minha acabava o namoro, ele fazia questão de ligar para dizer, em termos mais contextualizados, algo como “se ame e coma feijão”.

Nunca tive conselhos óbvios para uma jovem como “não use drogas” ou “não engravide antes do tempo”. Painho sempre se dedicou a coisas mais importantes: “Não vá pro Carnatal de pés descalços”, “Você deveria usar seu nome completo, Alice Marina Lira Lima, ou só Alice Marina, ou só Alice Liralima, pois fica diferente”, “Em primeiro lugar, se ame, filha, e o resto vem”.

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